domingo, 4 de julho de 2010

inFORMAÇÃO - formAÇÃO - AÇÃO


É bom ver como o diálogo do fazer artístico já começa a surgir com o pouco tempo de vida deste blog. No post chamado "Pão com Salame e Refrigerante" o artísta Clênio Magalhães (cleniomagalhaes.blogspot.com) colocou o seguinte e maravilhoso comentário, que transcrevo por acreditar que merecia um post. Logo em seguida transcrevo minha resposta, que também foi enviada como comentário deste mesmo post:


Meu caro Maicon, sem falar na quantidade de artistas que se vêem obrigados a deixarem seus lares, sua terra natal, em busca de mais reconhecimento do seu trabalho. Quantos artistas valadarenses estão fora hoje? Pare para contar... é muita gente. Não vou dizer aqui para não ser indiscreto. Chegamos num momento de necessidade de outra alternativa além das leis de incentivo e da licenciatura. Até quando continuaremos tão desconectados do Ministério do Trabalho? Quantas carteiras profissionais de artistas estão assinadas hoje no nosso país? Muito menos do que a quantidade de artistas autônomos que lutam por não deixarem morrer suas profissões.

A Cultura ocupa uma posição entre os 24 MINISTÉRIOS do nosso poder executivo, em 2006 o IBGE junto ao MINC já constataram a existência de 320 mil empresas culturais no Brasil que geram 1,6 milhão de empregos formais, 4% dos postos de trabalho brasileiros. Por que continuamos a receber 0,2% dos 500 a 600 bilhões de reais destinados ao Poder Executivo?

Por falta de sensibilidade social, os artistas deverão cada dia mais, trocar seus laboratórios de criação por escritórios, no dever de prezar pela dignidade de seus companheiros e futuras gerações?Enquanto me deparo com inúmeras respostas banais e até agressivas para esta pergunta, permanecerei defendendo a produção artística como parceira da educação, da saúde, do serviço social e tantos outros departamentos que volta e meia recorrem aos agentes culturais para implementarem projetos de temas transversais.

Sabemos o quanto a arte é útil ao nosso corpo, à nossa mente, aos nossos laços sociais por estarmos dentro. E com a fé inabalável dos sentidos, continuemos gritando aos quatro cantos: Evoé! Pois em meio a tanto ruído do "progresso", quem não gritar não será ouvido.Abraços!



Dando prosseguimento ao diálogo, escrevo:


Caro Clênio,

É tudo um mar de cruéis verdades. Uma das causas para esta tão grande discrepância pode se dar ao fato de que quem administra a cultura, hoje e na grande maioria das vezes, são os próprios artistas, que nem sempre, ou quase nunca buscam embasamento teórico para o ato de se organizar e/ou se mobilizar para determinado fim.

Sem administração (entenda-se pelo conceito de se organizar a fundo, por meio de planejamento estratégico, fluxograma, conceitos de controle, implantação do sistema da qualidade total... um mundo de possibilidades desconhecidas por muitos artistas), sem isso é difícil progredir.

Não vivemos mais na época do teatro puramente mambembe e descompromissado. Ele não pode morrer; mas em tese ele não se enquadra mais à dinâmica do nosso mundo contemporâneo. Não somos artesãos de nossas vidas: somos engenheiros delas!

O sucesso só virá por este “terceiro caminho”, excluindo as leis de incentivo e a licenciatura que você citou, quando cada artista autônomo tiver enraizado dentro de sua mente que ele, enquanto profissional, é sozinho toda uma empresa. E que o bom uso de suas ferramentas de trabalho (seu corpo, sua mente, seu talento, seu existir) é que lhe garantirão sucesso.

Gritaremos e adentraremos nesta nova era da "Gestão Cultural" da "Economia da Cultura" e outros conceitos tão tardios para muitos e tão "a calhar" para outros, mudaremos este quadro... com informação e formação e ação.Mas jamais deixaremos de gritar: EVOÉ!

2 comentários:

  1. ótimo! bom saber que não me esgüelarei sozinho rs
    abraço saudoso do amigo e parceiro
    cleniomagalhaes.blogspot.com

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  2. Não, você não está sozinho. Não são poucas as vozes que esperam ansiosas por alçar voo e por ser fazer ouvir reivindicando oportunidades e espaço.

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